Cidades
Coluna JPS – Meio Ambiente, Infraestrutura e Urbanização
Edição n° 02, Segunda-feira (15) de Novembro de 2021
Olá meus queridos (as) leitores (as) internautas, da nossa coluna, no Jornal Portal do Sertão. Inicialmente, gostaria de dizer a todos que não estou mais a frente da Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente, do Município de Arcoverde, mas isso não me impede de debater, e trazer para todos vocês, informações importantes, dentro dos temas por nós abordados semanalmente.
Nosso assunto de hoje será a Arborização Urbana. O conceito de arborização urbana é bastante simples, qual seja, é toda incorporação de vegetal (em sua grande parte de árvores), notadamente, seres vivos, que se encontra expandida pelo ambiente urbano, interagindo com o meio.
Mas aí o leitor pode perguntar, e qual é a importância da arborização para os ambientes urbanos? Ora, essa resposta é muito óbvia, e ao mesmo tempo para muita reflexão. Os principais benefícios que podemos citar são os seguintes: redução da temperatura, pois a vegetação (árvores), através de suas folhas, absorve a luz solar, além de formar sombra; reduz a poluição atmosférica, com a absorção de gases no processo de fotossíntese; equalizam (aumentam ou reduzem, a depender do ambiente) a velocidade dos ventos; melhoram a umidade do ar, com a liberação de gotículas de água na transpiração, por meio dos estômatos (espécies de poros que existem nas folhas e caules dos vegetais); protegem os solos contra a erosão, pois as raízes e suas folhas absorvem e reduzem os impactos da água da chuva no solo; evitam as enxurradas e alagamentos, decorrente das chuvas, problemas bastantes específicos de área urbana extremamente povoadas; redução da poluição sonora e acústica; e por fim, enriquecimento do ecossistema com o aparecimento de outras plantas de menor porte, e animais, através do fornecimento de um habitat, principalmente para pássaros, aumentando a biodiversidade urbana.
Contudo, ao se iniciar ou concretizar um projeto de arborização urbana, é preciso realizar uma análise técnica, no tocante à implantação ou incorporação da vegetação, pois, neste ambiente, com o avançar da ocupação humana, as pessoas criaram estruturas de alvenaria e concreto, que por óbvio precisam ser harmonizados com as plantas, aproveitando muito bem os espaços disponíveis em ruas, praças, jardins, parques, lotes, terrenos baldios, estacionamentos, e canteiros. Importante que a incorporação seja feita observando algumas situações técnicas, quais sejam: a existência e dimensões de calçadas; rede aérea de cabos de energia elétrica, internet e telefonia; distância regulamentar de imóveis com relação às calçadas e ruas; fluxo/tráfego de veículos; contingente populacional da área; existência de tubulação subterrânea e abastecimento de água, bem como coleta e tratamento de esgotos. Para quem deseja se aprofundar no assunto, recomendo o Manual Técnico de Arborização Urbana da Cidade de São Paulo, editado pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.
A escolha das espécies vegetais é fundamental, devendo preferencialmente serem usadas espécies nativas, ou seja, aquelas de ocorrência e predominância natural da região. Todavia, não podemos negar que a arborização urbana paisagística tem incorporado de forma gradual algumas espécies exóticas, buscando muitas vezes concretizar um modelo que valorize a estética, harmonização, design, e beleza de ambientes urbanos, o que, por óbvio, na opinião deste colunista, também pode ser buscado com o plantio de espécies nativas, desde que sejam usadas corretamente e as específicas para tais. A incorporação de espécies de plantas exóticas, de forma descriteriosa, pode gerar graves problemas para as cidades, basta lembrar do ingresso no Brasil das seguintes árvores: Nim, Algaroba, e o Ficus (Figueira).
As três espécies vegetais exóticas anteriormente referenciadas (oriundas da África e da Ásia) foram introduzidas no Brasil, em ambientes urbanos, principalmente no Semiárido Nordestino, em virtude de apresentarem crescimento rápido, composição de copa e folhas ampla, e com o objetivo da produzir sombras, ventos, e redução da temperatura, mas, com o tempo se tornaram problemas, em relação à destruição e danos nas estruturas de concretos, residências, muros, calçadas, ruas, redes áreas de energia/internet/telefonia, além de tubulações de águas/esgotos, e a morte e o afastamento de pequenos animais (pássaros) e insetos nativos da nossa fauna, desequilibrando o ecossistema local.
A arborização urbana deve ser realizada com planejamento, obedecendo às normas técnicas, e deve ser um dos itens primordiais do Plano Diretor das cidades, no tocante à conservação e proteção do Meio Ambiente, e do Ecossistema. Ouvimos muito por aí a frase “Adote uma Árvore”, mas não é apenas adotar, é plantar em local correto, observando as normas técnicas, em relação à questão das calçadas, construções, ruas, canteiros, redes elétricas e ou de internet e telefonia, e ter o manejo correto em relação á irrigação (adição de água), adubação (recomenda-se a orgânica), e podas. O Poder Público também deve exercer o seu papel de forma mais ativa, não apenas plantando, mas orientando a população e suas próprias equipes, e executando os serviços de manutenção acima citados. As cidades bem arborizadas, e que cumprem as normas técnicas, tornam-se destinos turísticos importantes, trazendo desenvolvimento econômico e social.
A todos, meu muito obrigado!!Tenham um excelente feriado.