Duas escolas prisionais da Rede Pública Estadual são certificadas pela Unesco

A Escola Prisional Olga Benário Prestes e a Escola Estadual Padre André Albert Coopman são as primeiras unidades de ensino da América Latina a receber essa certificação

Duas escolas prisionais da Rede Estadual receberão certificação do Projeto Escola Associada (PEA) da União das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A cerimônia de reconhecimento acontece entre os dias 12 e 14 de setembro, na Bahia, e vai certificar escolas que desenvolvem projetos e ações dirigidos à ampliação da consciência de cidadania e da cultura de paz. Outras 17 escolas, de referência e integral, também, receberão a certificação, tornando Pernambuco o estado que obteve maior número de ingressos no PEA-Unesco Brasil 2018.

Na ocasião, a Escola Olga Benário Prestes, que atende 314 estudantes, divididas em 11 turmas na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) da alfabetização ao ensino médio, localizada na Colônia Penal Feminina do Recife, receberá certificação por desenvolver o projeto Gentileza Gera Gentileza. Desde 2017, a gestora da escola, Gisele Souza, trabalha em todas as turmas o projeto que ensina pequenas situações de respeito, de agradecimento e de cumprimento. As estudantes assistem a vídeos com contexto acerca da gentileza, confeccionam cartazes e, ao final do projeto, multiplicam o conteúdo em toda unidade prisional. Além disso, elas fazem desenhos e redação.

“A partir do momento que começamos a trabalhar esse projeto em sala de aula, notamos uma grande diferença na mudança de comportamento das reeducandas. Saudações básicas como ‘bom dia’, ‘boa tarde’, ‘boa noite’, ‘desculpa’ e ‘obrigada’, começaram a fazer parte do vocabulário delas”, conta Gisele. “Com essa certificação a gente vai ter uma motivação maior para que, mesmo com as adversidades, possamos ser uma escola prisional que faz a diferença na vida dessas estudantes”, finaliza.

Outra unidade de ensino que vai receber a certificação PEA-Unesco é a Escola Estadual Padre André Albert Coopman, localizada no Presídio Rorenildo da Rocha Leão, em Palmares, Mata Sul de Pernambuco. Atualmente, atende 370 reeducandos, divididos em 10 turmas também, na modalidade EJA. Dentre os diversos projetos desenvolvidos na unidade prisional, um se destaca. A encenação da peça teatral A Paixão de Cristo.

De acordo com a gestora da escola, Claudia Siqueira, os estudantes ficaram muito interessados por esse projeto. Para ela, eles se sentem importantes e valorizados quando são protagonistas e estão a frente de uma ação. “Durante o desenvolvimento da peça teatral, a gente percebeu uma mudança muito rápida de comportamento da parte deles”, reconhece. “Não tenho palavras para descrever o tamanho do nosso orgulho. Com essa certificação vamos conseguir mostrar para a sociedade que as pessoas podem ser melhores. Não é porque você cometeu um erro que você seja obrigado a viver numa vida de erros. Então, a gente está com uma felicidade tão grande que não nos cabe”, confessa.

Todo estudante que assiste 12h de aula tem um dia remido na sua pena.

Serviço

Duas escolas prisionais da Rede Pública Estadual são certificadas pela Unesco

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